Como
não podia fazer nada, deixou o menino partir...
Mas... Quando ficou só foi que notou a mudança. Começou a reparar
melhor ao seu redor e viu que estava faltando algo. Sentiu falta do canto dos
pássaros e do voo alegre das borboletas e dos beija-flores, das flores que
inexplicavelmente se fecharam e então, o velho, pela primeira vez, sentiu uma
grande tristeza. A tristeza de descobrir o amor tarde demais. Aquele menino
tinha razão. Pensou em procurá-lo e pedir desculpas. Quem sabe teria muito que
aprender com o Tempito. Será que ele o perdoaria? O velho então decidiu ir ao
Orfanato do Temporal pedir ao menino para voltar. Quando ele o vê, corre em
direção ao Tempo e o abraça forte:
- Eu sempre acreditei em você, meu
velho. Eu tinha certeza que viria me buscar. Eu volto, mas com a condição de
nós promovermos o eclipse e assim, trazer de volta a alegria.
O
Tempo não tinha outra saída. Ou aceitava a condição do Tempito ou teria que
voltar só. Quando chegaram à oficina, começaram a adiantar todos os relógios e
dentro de instantes ouviu-se o som de carrilhões anunciando a chegada de Marte
e Netuno, padrinhos dos noivos. Estavam todos lá: os outros planetas, todos os
signos do zodíaco, as constelações, o arco-íris e milhares de estrelas. O Sol
se coloca em seu lugar e espera nervoso sua noiva. A Lua chega meia hora
atrasada e tendo as Três Marias como damas de honra. O Tempo então oficializa a
união dos dois astros, sempre que venham a se encontrar. A cerimônia durou apenas
alguns minutos, mas foi o suficiente para devolver a alegria e a esperança para
todos.
Seu Sol, Dona Lua
de: Marcos Sá de Paula
Nenhum comentário:
Postar um comentário