- Oi, que é você? – pergunta o Sol.
- Eu sou o Tempito, o novo ajudante do Tempo.
- Então o velho rabugento finalmente deu o braço a
torcer e arranjou alguém para lhe ajudar. Já devia ter feito isso há muito
tempo.
- Não fale assim dele. Por que você está tão mau
humorado? E logo após um nascer tão bonito? – perguntou o menino.
- É que essa vida de Sol me enche o saco. Todo dia a
mesma coisa: nascer às seis da manhã, se pôr às seis da tarde. Nunca acontece
nada diferente...
Tempito não
entende como um rapaz charmoso como o sol podia estar tão triste. Além de
bonito, tinha uma roupa toda dourada e botas e capa de fogo que conquistariam
qualquer estrela.
- Por que você não arranja uma namorada? Assim o seu
mau humor passa logo.
- Quem você pensa que é para falar dessas coisas? –
falou o Sol com ar de superioridade. – Você é apenas uma criança.
- Pois fique o senhor sabendo que as crianças amam mais
do que os adultos – disse o Tempito.
- Não diga bobagem. Você não sabe o que está dizendo.
Enquanto eles
discutiam, o Tempo acorda e como não vê o Tempito trabalhando, vai logo
gritando:
- Tempitoooooo!!!! Deixe de conversa mole e vá já
trabalhar!
- Mas eu já fiz tudo. Já varri, espanei e arrumei como
o senhor mandou.
O Tempo olhou em
volta e viu que realmente tudo estava nos seus devidos lugares e sem nenhuma
poeira. Para não dar o braço a torcer, voltou a gritar:
- Se está tudo limpo e arrumado, então venha para eu
lhe ensinar a dar corda nos relógios.
O Sol nunca foi
com a cara do Tempo e reclamou:
-Ô velho chato, não brigue com ele. O menino estava
apenas querendo me alegrar. Falava-me de coisas bonitas.
-Eu não o peguei no Orfanato do Temporal para conversar
besteira. – Dá uma pausa e depois pergunta curioso. – De que coisas ele estava
falando?
- De amor. Como eu estava um pouco de saco cheio, ele
sugeriu que eu me apaixonasse para mudar um pouco a minha rotina.
-Amor, amor, que bobagem. Vocês deviam conversar sobre
coisa mais séria. Amor... Imagine!
O Tempito não era
de ficar calado quando não concordava com alguma coisa e foi logo falando
desafiador:
- Amor é coisa séria, sim senhor. Ninguém pode ser
feliz sem ele.
O Tempo já estava
começando a se arrepender de ter escolhido um menino tão inteligente. Ele não
estava acostumado a ser contrariado. Sem saber o que responder gritou:
- Não quero saber de conversa, venha já aprender a dar
corda nesses relógios. O Tempito aprendeu rápido o que tinha que fazer. O Tempo
fica observando admirado com a habilidade do menino quando viu que já eram
quase seis da tarde e o Sol ali, com aquela eterna cara de galã de cinema,
olhando o Tempito trabalhar.
- Seu Sol, será que eu vou ter que lhe dizer o que o
senhor tem que fazer? Está na hora do senhor se pôr! – O Tempo começa a arrumar
uma pasta para ir a Paris consertar um relógio quando nota o Tempito sentado em
sua nuvem.
- Tempito, o que você está fazendo aí?
- Estou curtindo o pôr do Sol.
- Esse menino tem cada uma! – O Tempo sai preocupado.
Agora ele tinha certeza que não tinha sido uma boa ideia adotar um menino tão
inteligente. Ele ainda ia dar muita dor de cabeça. O Tempito fica em sua
nuvenzinha curtindo o pôr do sol. O céu vai mudando de cor. Hora fica
alaranjado, hora violeta, hora vermelho bem vivo. Quando o sol desaparece
totalmente, o céu fica bastante escuro e aqui, acolá, começa a piscar uma
estrela, até que ela aparece...
Não perca a sequência, quando o Tempito encontra a Lua!
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