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quinta-feira, 21 de março de 2013

Seu Sol, Dona Lua - Capítulo 04



O Sol aparece radiante e dessa vez vinha muito alegre. Quando se aproxima da oficina do Tempo, o Tempito pergunta:

- Nossa, que cara boa! O que foi que aconteceu? Onde está aquela tristeza que você sentia antes?

- Tempito, você nem imagina! Esta noite tive um sonho maravilhoso. Sonhei que conhecia uma moça linda!

- Então é isso, que bom! Eu conheço uma moça muito bonita também – falou o Tempito.

- Já está namorando nessa idade? – debochou o Sol.

- Ela não é minha namorada – falou irritado – e se fosse? Não existe idade para namorar. Fique o senhor sabendo que eu já tive duas namoradas: a nuvenzinha Consuelo, uma espanhola que tocava castanholas como ninguém e a estrelinha Yoko, uma japonesinha que tinha os olhos assim.

– faz “olho de japonês” com os dedos.

- Não quis ofender – desculpou-se o Sol – eu apenas pensei que você fosse muito jovem para...

- Lá vem você com essas caretices... – falou o Tempito aborrecido.

- E onde você a conheceu? – pergunta o Sol interessado.

- À noite. Ela só aparece à noite. É a moça mais linda que eu conheço – disse o Tempito atiçando a curiosidade do Sol.

- Duvido que seja mais bonita do que a do meu sonho de ontem. Nem todas as estrelas juntas chegariam a seus pés – suspirou o Sol apaixonado.

- Eu tenho uma fotografia dela. Se você quiser ver...

- Claro que eu quero – falou o Sol curioso – onde está?

- Espere um pouco que eu vou pegar – o menino sai e nesse momento entra o Tempo que para variar, estava mau humoradíssimo e vai logo perguntando:

- Seu Sol, o senhor viu o Tempito? Onde se meteu esse menino?

- Ele foi pegar uma coisa para me mostrar – disse o Sol muito alegre.

- Ora, vejo que hoje está de bom humor. Qual o motivo de tanta alegria. Posso saber?

- Velho, eu sonhei com o meu amor. Era uma mulher linda! Quando eu descobrir quem ela é, peço-a em casamento.

O Tempo começa a se preocupar. O que será que estava acontecendo na abóbada celeste? Essa epidemia de amor podia ser contagiosa e ele precisava se vacinar. Nesse momento entra o Tempito com a foto da Lua que mostra ao Sol. Quando ele vê a foto pula e grita eufórico:

- É ela, Tempito! Não pode ser, mas é ela! Como é o nome dela?

- Calma rapaz, o que deu em você? Controle-se! – O Tempo olha para a foto por cima do ombro do Sol. – Ora, é a Lua. Você nunca viu a Lua?

- A Lua! Mas é claro que é a Lua. Por que não descobri antes? – agitado, o Sol dirige-se ao Tempito – meu pequeno amigo, me arranje lápis e papel que eu quero fazer uma carta perguntando se ela quer casar comigo.

O velho Tempo começa a se desesperar:

- Espere rapaz, como você pode querer casar com a Lua se vocês nunca se encontram. Você está maluco?

- O senhor não é o Tempo? Então é quem vai ter que achar uma solução para este problema.

- Eu? – pega o Tempito pela orelha – Está vendo no que você me meteu? Já estou arrependido de ter trazido você do Orfanato do Temporal.

O Tempito se solta das mãos do velho. Não entende por que o Tempo está tão preocupado.

- Eu não tenho nada com isso – falou o menino enquanto esfregava a orelha dolorida – e que é que tem de mais? Eu não vejo nada de mais no Sol e a Lua se apaixonarem.

- Pois eu vejo muita coisa – diz o Tempo nervoso – Eles vão me azucrinar a paciência para fazer com que eles se encontrem. Eu não posso fazer isso. Aqui em cima, tudo tem que ser como sempre foi: o dia é sempre dia, a noite é sempre noite. Não pode ser diferente.

O Sol se prepara para se pôr e o Tempo se desespera. Se a Lua também amar o Sol, ele está frito. Não que ele vá fazer alguma coisa para que esse encontro ridículo aconteça, mas é que dois astros apaixonados vão fazer muita confusão e assim ele não poderá continuar levando sua vidinha tranquila de sempre. Põe a mão na cabeça e grita para o Tempito:

- Ai, minha enxaqueca! Ela ainda me mata, um dia! Olha só o que você foi me arranjar!

- Já disse que não tenho nada com isso – fala o Tempito – Está com dor de cabeça? Sente aqui, relaxe um pouco e curta o pôr do Sol que com certeza ela vai passar.

- Não seja ridículo! Retrucou o velho. O Tempito força um pouco e põe o Tempo sentado em sua nuvem, de frente ao Sol que se põe. Ficam imóveis, observando o espetáculo que acontece no céu.


E agora? Como o velho Tempo vai resolver esse problema?

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