Aquela
voz trazida pelo vento era como música que enchia o coração do Sol de
esperança. Em compensação, o velho Tempo estava desesperado. Pelo visto, o Sol
também gostava da Lua e sendo assim, eles iam fazer tudo para que acontecesse
esse encontro. Como era de seu feitio, foi logo cortando o entusiasmo do jovem
apaixonado.
- Vamos logo tirando o cavalinho da
chuva que não vai haver casamento nenhum por aqui. Será que estou falando
grego?
O
Sol tentou convencer o velho que o amor era um sentimento muito importante, mas
o teimoso não concordava com isso. Quando a coisa estava esquentando, chega o
Tempito todo esbaforido voltando do Brasil. Ao passar pelo Sambódromo do Rio de
Janeiro, era Carnaval e uma Escola de Samba apresentava um enredo que falava
justamente sobre o casamento do Sol com a Lua e a solução era o eclipse.
- O eclipse? – perguntaram o Sol e o
Tempo em uníssono.
- Sim, o eclipse é a união do Sol com
a Lua, do dia com a noite, da luz com as trevas e também a solução para o nosso
problema – falou animado o Tempito, todo feliz por estar ajudando, mas o Tempo
não deu o braço a torcer.
- Eu quero que fique bem claro que se
existe algum problema, ele é de vocês. Eu não vou adiantar os ponteiros,
alterar as leis do Universo apenas para que o Sol e Lua se encontrem.
O Sol resolve então ir embora. Ia tirar umas férias na Via Láctea. Arruma suas coisas e se põe antes da hora prevista. O velho fica desesperado. Como ia fazer agora, com todos se rebelando contra ele? Por falar em se rebelar, notou que a Lua não tinha aparecido. Já era hora dela estar no alto do céu. Chama-a diversas vezes, mas ela não dá as caras. O Tempito arruma suas coisas numa pequena mala coloria e decide que também vai embora. Dirige-se ao Tempo e fala:
- Velho, eu quero voltar para Orfanato
do Temporal. Talvez um Novo Tempo me adote. Espero que seja um Tempo que
acredite no amor e que aprecie as coisas simples da vida como assistir a um pôr
do Sol ou admirar um céu estrelado numa noite de luar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário